Há riquezas insondáveis, mas, para vê-las, é preciso ter os olhos da esperança
Estamos imersos no tempo e na história. Vivemos situações diferenciadas, de alegria e de preocupações, de vitórias e de horas exigentes e preocupantes. Mas, há diante de nós um tesouro, como o tesouro escondido no campo, de que nos fala Jesus: São as pessoas, suas histórias, sua vida, sua presença.
Há riquezas insondáveis, mas, para vê-las, é preciso ter os olhos da esperança. Jesus assumiu exatamente nosso tempo e nossa condição humana. Se há em nossos dias a pressa a velocidade, a sofisticação da comunicação, até a substituição do contato pessoal por aparelhos complicados para se lidar, nada substitui os sentimentos interiores carregados de amor, de compaixão e de humildade. Cristo veio para nos ensinar a viver a vida e assumir nossa história. Ensinou-nos a falar com Deus, pois primeiro nos falou do Pai. Deus nos amou na realidade de nossa história humana, independentemente de nossa precariedade, pois Ele é misericórdia.
Em Jesus resplandece o rosto, a face do pai, o rosto divino carregado de ternura, bondade, misericórdia e salvação.
Qual tesouro devemos, então, descobrir? Que a dinâmica divina de nos revelar o amor eterno, o amor do Pai em seu Filho Jesus, continua no rosto de cada irmão ou irmã. Alguém me disse, diante da instabilidade de nossos dias: “Como posso chamar o outro de irmão ou irmã, se fico a desconfiar dele ou dela?” É uma questão muito séria! Há algo que está minando a raiz dos relacionamentos humanos. É preciso rever a situação.
Descobrir essa riqueza ou tesouro significa tomar atitudes: A atitude de fazer a história de modo diferente. Esse é desafio cristão. E para mudar a nós mesmos em primeiro lugar, temos de beber na fonte inesgotável de vida, de história, de misericórdia que é o Evangelho. Ele nos ensina a ter atitudes humildes e simples.
Esse é seu caminho, e se escolhermos outro, a responsabilidade é nossa e perdemos o direito de reclamar da infelicidade. Só Deus pode mesmo me fazer feliz. Outras coisas são apenas centelhas de felicidade plena e completa que Deus nos dá.
Façamos nossa história, atentos aos sinais dos tempos, entrevendo a riqueza das pessoas que nos cercam, as potencialidades e possibilidades de um novo caminhar da humanidade, a começar por cada um de nós.
O Senhor espera nossa resposta dentro de nossa história, e uma resposta sem temor, carregada de esperança e de confiança. Descubra o tesouro que é você e cada pessoa próxima de você.
Pe. Ferdinando Mancilio, C. Ss. R.