Igreja News - Editorial

06/06/2015 10:21

 “Creio na Ressureição da Carne”

 

Pe. Evaldo César de Souza, C. Ss. R.

Mas o que quer dizer exatamente essa frase do Creio? O que cremos quando dizemos que acreditamos na Ressureição da Carne? É bom parar e pensar, ainda mais nós que recebemos uma formação catequética muito dualista, em ser absoluta e, quando pensamos em morte, imaginamos somente a permanência da parte imaterial de nossa existência.

Entretanto, preste atenção, nosso Creio fala da Ressureição da Carne, e não somente da Ressureição de nossa alma!

Ficou com a pulga atrás da orelha?

Calma, como tudo na vida, a Igreja tem uma explicação teológica para cada artigo de fé, e ainda que não possamos aqui ser extremamente detalhistas, é possível pensar sobre o assunto e aprender um pouco mais.

Santo Tomás de Aquino, no seu belíssimo Hino Eucarístico, fala de Deus escondido no Pão! Quando Jesus se encarna, Deus se revela Nele, na sua pessoa, atos e palavras. Jesus é mesmo Deus, e Deus Nele se esconde para revelar-se. Quando Jesus, na Última Ceia, toma o pão e o consagra, ele misteriosamente se esconde nesse pão definitivamente.

No pão consagrado, Jesus se esconde verdadeiramente para nos revelar toda a sua força e divindade. Nesse jogo de esconde-esconde, ainda que esteja oculto aos sentidos, revela-se pela Fé, um Deus que se fez Homem e um Homem-Deus que se fez pão.

Por que falo da Eucaristia para explicar o mistério da ressureição da carne? Ora, para mostrar a você que, quando falamos da ressureição da carne, podemos não ter imediatamente os sentidos despertados, mas a nossa fé se desperta e garante que, em Jesus, que ressuscitou e que apareceu glorioso e corpóreo aos seus discípulos, também nós assim ressurgiremos, quando chegar a hora da nossa glorificação. A Igreja, levando em conta o que se disse de Jesus após sua ressureição, acredita que cada homem e mulher, únicos diante de Deus, receberão a coroa da glorificação completa do ser – corpo e alma – de modo místico e misterioso.

Na morte não seremos fantasmas, mas seres glorificados e únicos, com identidade e consciência!

Crer na Ressureição da Carne é recordar que Jesus ressuscitado conversou com seus discípulos, esteve no meio deles,  mostrou-lhes as marcas dos pregos, fez a refeição com eles, deixou a eles novos ensinamentos e lhes deu o Espírito Santo. Cristo glorificado não era um ser incorpóreo, fantasmagórico, imaterial! Era o mesmo Jesus, transformado sim, luminoso e glorioso, mas que conhecia seus discípulos e, estando no meio deles, não lhes trazia medo, mas uma sensação de alegria e de coragem missionária! Obviamente, na ressureição, você não será essa carne que agora você pode apalpar, que sente dor, medo, tristeza, saudades e desejos. Seremos diferentes na glória de Deus, mas seremos nós mesmos, transformados, porém, únicos. Como a lagarta, que se se encasula para virar borboleta, assim seremos nós, um novo ser em um ser que sempre fomos!

   

 

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