Editorial - “Corações ao alto”
04/06/2015 10:50
O Deus da Vida e da Liberdade continua nos amando e nos convidando para participar de seu amor
Pe. Ferdinando Mancílio, C.Ss.R.
Vi o passarinho em sua contínua luta construindo seu ninho. Sua única preocupação era fazer o aconchego dos futuros filhotes, continuando a perpetuação de sua espécie.
Dessa bela criatura criada por Deus, fiquei a pensar na imensidão do universo, nas galáxias e plantas que existem há milhões de anos. O gesto criador do Amor eterno continua desafiando os cientistas de nosso tempo. O mundo, com um grande útero, contém a vida, dom de Deus.
Do grande espaço do Universo, passei a meditar no Jardim do Éden, e foi lá que o Senhor colocou um homem e uma mulher, Adão e Eva, sinais da humanidade, para que vivessem na harmonia e desfrutassem da felicidade proporcionada pelo Criador. Mas eles não souberam reconhecer a grandeza do amor nem a beleza da criação. Voltaram-se para si mesmos e disseram “não”, quando deveriam dizer “sim”; disseram “sim”, quando deveriam dizer “não”.
Fiquei ainda pensando no Deus da Vida e da Liberdade, que continua nos amando e nos convidando para participar de seu amor. Ele nos criou para viver no projeto da comunhão e da divisão. Para obedecer a Deus, nosso coração deve estar ao alto.
Ele espera e deseja que sejamos cooperadores de sue projeto criador e transformador. O mundo das criaturas inaugurado por Adão e Eva no Jardim do Éden se contrapõe ao desejo do Criador, que continua a oferecer e apostar em seu projeto de liberdade, de paz e de harmonia para toda a humanidade. Nossos corações devem estar ao alto, devem estar em Deus.
A simplicidade do passarinho na construção de seu ninho se contrapõe às atitudes humanas hoje, carregadas de violência, corrupção e de desprezo à vida.
Somos construtores de nossa casa, e ninguém começa a construí-la a partir do telhado, mas do alicerce, e de sua fundação dependerá sua sustentabilidade. Mal alicerçada, ela poderá ruir. Nossa vida, dom de Deus, só pode ser construída em meio aos sonhos, às lutas e realizações. Outra vez o passarinho nos ensina que é no empenho de cada dia que se consegue construir.
Somos todos construtores de pontes e não de cercas que separam, dividem. Os muitos muros altos sufocam nossas casas e nossa existência, e criam nossos isolamentos. Somos chamados a construir pontes entre os povos e nações, e entre nós mesmos. Construir gente agora que depende de nós, pois da parte de Deus não nos falta nada.
Construir ninhos, pontes ou casas depende de mim e de você!